7 de abr. de 2011

Acesso desigual às TICs amplia o fosso entre ricos e pobres

Um novo relatório da União Internacional das Telecomunicações (UIT), divulgado nesta sexta-feira, 01/04, destaca o avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação na última década – presentes nas mais diferentes atividades humanas e com impacto direto nos demais setores econômicos – mas deixa claro que governos e reguladores devem agir para evitar que elas se tornem mais um fosso entre ricos e pobres.

Na verdade, ações já são necessárias para combater as disparidades. Ainda que se estime em 2 bilhões o número de internautas em todo o mundo, as diferenças são gritantes – enquanto o acesso à rede chega a 71% nos países desenvolvidos, ele não supera os 21% nos demais.

Na prática, sustenta a UIT, essa divisão representa os que estão ou não na Sociedade da Informação, que compreende de forma gradativamente mais intensa o acesso a conteúdos multimídia e graficamente elaborados, aplicações que exigem larguras de banda cada vez maiores.

Além disso, o acesso às TIC varia consideravelmente em cada região. Enquanto as pessoas dos países ricos pagam, em geral, até 1,5% de suas rendas pelo acesso, aquelas nos países em desenvolvimento precisam despender 17,5% do que ganham – e o mercado de banda larga é aquele com os maiores desníveis nessa comparação.

“As implicações da estratificação do acesso à internet significam, por um lado, que essa divisão ameaça ampliar as disparidades econômicas entre os países. Por outro, as limitações de acesso também aumentam as diferenças entre ricos e pobres dentro de cada país”, diz o documento “Tendências nas reformas em telecomunicações”, edição de 2011.

Não é por menos que o relatório da UIT entende a banda larga não mais como um luxo, mas como uma necessidade fundamental para o crescimento econômico, social e político de todos os países – e mesmo uma ferramenta para acelerar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Fica evidente no estudo a defesa de políticas que caminhem na direção de facilitar o acesso. O exemplo mais claro é a promoção do compartilhamento de infraestrutura e no livre acesso às redes das incumbents. Nesse quesito, no entanto, o Brasil vai na contramão da maioria, uma vez que em 60% dos países o unbundling é, atualmente, mandatório.

“Mais do que nunca é fundamental termos em conta as devidas atribuições que devem constar do papel dos reguladores de TIC para a criação de um mundo digital integrador, no qual nenhum cidadão fique de fora da sociedade digital”, acredita o diretor do escritório de desenvolvimento das telecomunicações da UIT, Brahima Sanou.

Fonte: Convergência Digital, Data: 04 de abril de 2011