O Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN) tomou a dianteira sobre uma questão que vem há alguns meses incomodando setores do movimento negro organizado e também quem não é militante: a pauta dos chamados programas populares na TV local, principalmente o Se Liga Bocão e o Na Mira.
Isto por uma questão óbvia: os personagens mostrados em situações constrangedoras são sempre negros e pobres. Amanhã, quinta-feira, 26, às 11 horas, representantes do CDCN, presidido pela socióloga-guerreira Vilma Reis, que tem um excelente trabalho acadêmico sobre violência policial versus etnicidade, irão ao Ministério Público, mais especificamente na Promotoria de Combate ao Racismo e Intolerância Religiosa.
A entidade vai formalizar denúncia por entender que estes programas estão violando direitos humanos básicos.
"Atualmente, os programas sensacionalistas julgam e sentenciam a população negra baiana ao vivo, como um triste espetáculo de horror", diz Vilma Reis, em nota oficial do CDCN. Ela enumera a pauta das produções: exibição de perfurações a bala, de presos nas delegacias e de conflitos entre mulheres.
O CDCN decidiu entrar com a denúncia por conta do não cumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o MP e os representantes dos programas.Na mesma audiência estará em pauta também a desobediência a uma portaria da Polícia Civil, publicada em maio do ano pasado, que proíbe a exibição de imagens de presos sob custódia do Estado.
"Em pleno Estado democratico de direito, onde todas as instituições estão funcionando, não podemos suportar tal ofensa em silêncio. Que o argumento da censura não seja manipulado para violar nossos direitos", completa Vilma.
A ação do CDCN traz mais uma vertente do choque entre o que se considera liberdade de expressão e desrespeito à dignidade da pessoa humana. Um direito,claro, não pode passar por cima de outro.
Além disso, vale lembrar que televisão é concessão pública, portanto patrimônio do Estado que não pode permitir que seus princípios sejam desrespeitados. Por outro lado qualquer comunicador ético sabe bem a diferença entre o limite de falar o que pensa e responsabilidade social.
Fica a expectativa para o desfecho de uma discussão que já está espalhada pela cidade. Inclusive, a coluinsta da Revista da TV de A TARDE, Malu Fontes, tem feito vários artigos sobre o tema na publicação. Na edição do último domingo, dia em que a Revista da TV circula, teve um. Fica a dica para quem desejar se aprofundar no assunto.
Foto: Xando Pereira AG. A TARDE
APÓS DENÚNCIA,
VITÓRIA DO MOVIMENTO NEGRO !!!!!!!!!!
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ACOMPANHE OS DESDOBREMENTOS DESTE CASO PATENTE DE RACISMO
Um comentário:
tem que ser assim mesmo,isso tá errado.a mídia quer que nos negros,pobres assistemos esses progamas e pensemos que nós somos assim como eles mostram.eles só mostram o que "nós"fazemos de errado e não o que fazemos de bom.
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