18 de fev. de 2010

As lutas não são poucas... na Bahia então...

Coisas de um país não preconceituoso


por Daniel Campos*



Em 2003, a juíza Luislinda Dias Valois dos Santos proferiu a primeira sentença brasileira baseada na Lei do Racismo.

Deu ganho de causa a uma negra acusada de ter roubado um frango e dois sabonetes da principal rede de supermercados da Bahia.

Declarada a sentença, Luislinda foi ameaçada de morte. Mas isso não era novidade na vida da primeira juíza negra do Brasil.

Negra, mulher, divorciada, nordestina e de origem pobre, ela costuma dizer que se for morta seu assassino será o racismo.

Tinha nove anos quando um professor lhe disse que seu lugar era na cozinha de uma branca.

Ao ser aprovada no concurso público para procuradora, uma Bahia comandada por coronéis brancos mandou-a para Curitiba.

Para regressar, passou no concurso da Justiça Estadual da Bahia e foi exilada em uma comarca sem luz, telefone e água encanada. De pronto, foi avisada de que, mais dia menos dia, seria morta.

Fez um curso de justiça célere na Austrália e, ao aplicar esse processo por aqui, quiseram saber o que ela ganhava julgando com rapidez.

Advogados já pediram cancelamento de audiência ao saber que a juíza não era branca. Muitos ainda se perguntam o que aquela mulher de rastafári vermelho faz sentada na cadeira do juiz.

Certo dia entrou em um banco e foi chamada e tratada como bandida pelos seguranças. Depois de alguns sustos, passou a ter cuidado com a água que bebe e com o percurso que faz diariamente.

Foram muitas as intimidações para que ela renunciasse à magistratura.

Como não conseguiram matá-la fisicamente, fecharam-lhe todas as portas do Judiciário. Sem se intimidar, passou a fazer audiências na periferia, nos alagados, nos quilombos.

De barco, ônibus ou a pé, a juíza tentou levar justiça à população mais carente.

Porém, foi duramente censurada. Até mesmo do premiado projeto Balcões de Cidadania, do qual foi idealizadora e coordenadora, foi afastada.

Mesmo ganhando diversos prêmios e homenagens, Luislinda é tida, dentro do meio, como uma juíza menor.

Ela tem certeza de que muito do problema do preconceito está dentro do Judiciário, ainda branco e machista.

No Brasil, pouco mais de 1% dos juízes se declaram negros e a maioria, principalmente nas instâncias superiores, é do sexo masculino.

Aos 67 anos, a filha de Iansã tem todos os requisitos necessários para se tornar desembargadora.

Só que Luislinda não precisa jogar búzios, ler cartas ou freqüentar o terreiro de mãe Bebé para saber que ninguém a quer como desembargadora. Como juíza, já incomoda muita gente.


* Daniel Campos é poeta, escritor, jornalista, pós-graduado em Comunicação Criativa pela ABJL e autor do portal de literatura e poesia http://www.danielcampos.biz

E quem disse que Chapeuzinho Vermelho não pode ser negra?

Paulo de Tássio Borges da Silva1
Pedagogo, especialista em Sociologia
 
RESUMO: A presente tessitura nasce a partir de uma experiência vivenciada num espaço educativo não-formal com crianças de idade entre 5 e 6 anos. O trabalho teve como objetivo problematizar o preconceito racial presente nos contos infantis e provocar uma desconstrução do mesmo a partir das vozes, dos gestos, olhares e performances das crianças. O mesmo se desenvolveu na perspectiva qualitativa sob o enfoque etnográfico, utilizando-se da metodologia do teatro aplicado à educação.

PALAVRAS-CHAVES: Educação não-formal; criança; conto infantil.
 
 
 
ABSTRACT: This fabric comes from an experience within a non-formal education to children aged between 5 and 6 years. The work aims to discuss the racial bias present in children’s stories and cause deconstruction of it from the voices, gestures, looks and performances of children. The same is developed in a qualitative way in the ethnographic approach, using the methodology applied to the theater education.

KEY- WORDS: Non-formal education; children; children’s story.
 
Fonte: http://www.africaeafricanidades.com/documentos/Chapeuzinho_vermelho_negra.pdf
 
1. Pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Educação, Educação Escolar Indígena e Interculturalidade: Experiências entre os Povos indígenas Tupinambá, Pataxó e Pataxó Hã Hã Hãe e do Órgão de Educação e Relações Étnicas com Ênfase em Culturas Afro-Brasileiras - ODEERE da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -UESB.

Blog Nota 10 da Revista África e Africanidades - GANHADORES

Resultado do Concurso / Edição 2009.




O concurso teve por objetivo selecionar os melhores Blogs nas categorias Blog Nota 10 – África e Africanidades, destinada a blogueiros e Blog do Professor Nota 10 África e Africanidades tendo como critérios conteúdo, criatividade, apresentação, quantidade de postagens e de comentários. Para a categoria Blog do Professor Nota 10 - África e Africanidades ainda foram avaliados as participações de alunos e outros membros da comunidade escolar no projeto que deu origem ao blog.

Entre os diversos inscritos na categoria Blog do professor Nota 10 apenas o Blog do Projeto África, projeto da professora Ana Paula Mogetti Ferraz, do Colégio Estadual Barão de Itacurussá, no Rio de Janeiro contemplou todos os pré-requisitos. Muitos professores inscreveram seus blogs individuais que não estavam inseridos num projeto pedagógico.

O projeto Blog do Projeto África ainda destacou-se pela multidisciplinaridade, integração com a comunidade, o que possibilitou momentos de diálogos entre o universo escolar, grupos culturais, intelectuais e representantes do Movimento Negro.

Na categoria blogueiro a seleção também foi muito difícil pela variedade e qualidade dos participantes. Os ganhadores foram


1º Lugar: Blog Literatura Suburbana

2º Lugar: Blog da Associação Crianças Raízes do Abaeté

3º Lugar: Blog Memorial Lélia Gonzalez - Continente África


Em breve a revista publicará maiores informações sobre cada um dos blogs ganhadores.

Fonte: http://www.africaeafricanidades.com/