27 de set. de 2008

Fronteiras Digitais: A riqueza na base da pirâmide dos bits

Um dos fenômenos qualitativamente mais interessantes na evolução recente do uso da Internet no Brasil é sua utilização pelas camadas de baixa renda. De acordo com o IBOPE Mídia, esse grupo já respondia por 50% do total de usuários da Internet no final do ano passado, contra 39% em abril de 2004.

Os dados do Comitê Gestor apontam que, graças à explosão do acesso em LAN Houses, 38% das pessoas integrantes da classe C, e 14% das classes D/E, já utilizam a rede com alguma regularidade. Quando analisamos o tipo de sites mais utilizados segundo os dados do Comitê Gestor, verificamos que as classes populares apresentam uma utilização menos variada da Web, exceto em três aspectos: sites de comunidade, busca de empregos e games, conforme verificamos na tabela abaixo.

Principais atividades realizadas na Internet, por Classe Social*

Essa diferença pode ser explicada pelo fato de que, como já destacamos em outras ocasiões, a tecnologia não existe “no vácuo”. Há uma apropriação do seu uso de acordo com o contexto de vida dos usuários. No caso das camadas mais populares, a solidariedade da vizinhança sempre foi um importante fator para enfrentar as dificuldades diárias. A alta intensidade dos contatos comunitários no mundo analógico é um elemento importante da sua estratégia de sobrevivência, refletido também no “mundo digital”. Além disso, possibilita o reforço de vínculos que a distância/custos tornam proibitivos (familiares distantes etc.).

Estas pesquisas e análise de dados sempre esquecem de apresentar os devidos recortes, principalmente o recorte racial através das categorais utilizadas pelo IBGE (preto, pardo, branco, amarelo e indígena). Com este recorte, dá pra desenvolver análises interessantes e que este blog tenta abarcar. Continua...

Fonte: Blog ideia2.0

24 de set. de 2008

CARURU FESTEJA INAUGURAÇÃO DE CENTRO DIGITAL DE CIDADANIA EM TERREIRO DE CANDOMBLÉ


Um Caruru em devoção aos Ibejis, entidades do Candomblé que representam as crianças, vai festejar a inauguração do Centro Digital de Cidadania (CDC) no terreiro Oia Deji, em Paripe. De Nação Ketu, a comunidade vai oferecer o almoço para 200 pessoas com todo o ritual, incluindo os sete meninos, nesta quinta-feira (25), a partir das 12h30.

A unidade do programa Cidadania Digital vai atender à comunidade do entorno do Terreiro, especialmente jovens que passam a ter acesso gratuito a computadores e às ferramentas da informática. Já são mais de 500 centros em operação, distribuídos em mais de 400 municípios baianos.

Esta é uma das formas de apropriação do universo digital num Estado que é campeão em desigualdade digital e social. Estes espaços apropriados por expressões do movimento negro brasileiro encara a inclusão digital como um fator que dará possibilidade para suas comunidades, mas precisa estar atento/a para os conteúdos que serão construídos, distribuídos, acessados por estes espaços. Uma grande discussão que é necessário se fazer é como superar a produção de conteúdos com cunho racista e que necessitam ser denunciados.

Fonte e mais informações: Agecom
+ informações sobre Caruru dos Ibejis: Blog Fazer Valer a Lei 11.645/08 ou Blog Mundo Afro

22 de set. de 2008

Para ter ciberdireito, é preciso uma ciberconstituição

A idéia de que é difícil combater crimes cometidos pela internet ou enquadrar as ações da rede mundial por falta de lei é estória para boi dormir. O que falta é preparo dos agentes da Polícia e da Justiça e boa vontade de interpretar a legislação que já existe para aplicar às infrações cometidas com a ajuda de computadores.

A opinião é do advogado Amaro Moraes e Silva Neto, um dos primeiros a estudar e escrever sobre a aplicação do Direto às novas tecnologias. Para o advogado, a lei precisa só de pequenos ajustes para fazer frente à internet. “São as pessoas que cometem os crimes e fazem as irregularidades. Só deve existir ciberdireito quando as máquinas fizerem isso sozinhas”, afirma.

Em entrevista à revista Consultor Jurídico, Amaro Moraes defendeu que as regras que valem para o mundo físico valem para o digital. Aliás, trata-se do mesmo mundo. “Para existir ciberdireito é preciso de uma ciberconstituição, que autorizaria a abertura de cibercódigos para cibercoisas.”

Formado em Direito pela Universidade Mackenzie, em São Paulo, Amaro Moraes é advogado e autor de diversos livros sobre o Direito e a tecnologia. No livro E-mails Indesejados à Luz do Direito Brasileiro, lançado há mais de cinco anos, já defendia parte das idéias sobre as quais discorre na entrevista. Ele defende que a internet não criou um novo bem jurídico a ser tutelado. “Quando surgiu o telefone, não surgiu o Direito Telefônico. Quando surgiu a TV, não surgiu o Direito Televisivo.”

Leia a e n t r e v i s t a . . .

Fonte: Revista Consultor Jurídico, 9 de agosto de 2008
Direito real - por Maurício Cardoso e Rodrigo Haidar

21 de set. de 2008

+ Jurisprudência - Saiba quais são as dificuldades em se pegar bandidos virtuais

Polícia esbarra na falta de unidades e de profissionais capacitados nesse tipo de operação

Em vez de armas e coletes à prova de bala, é com teclado, mouse e técnicas de interceptação telemática que a polícia tenta combater um dos tipos de crimes que mais se proliferam. Ele ocorre na internet, sem sangue ou violência, e usa e-mails aparentemente inofensivos como isca. Os bandidos estão cada vez mais audazes, já que a polícia esbarra na falta, primeiro, de unidades e profissionais capacitados nesse tipo de operação e, segundo, em uma legislação específica para enquadrar os criminosos. Continua...


Fonte: ClocRBS Tecnologia
Vanessa Nunes vanessa.nunes@zerohora.com.br

+ Pesquisa - Preconceito racial existe dentro de mundos virtual

Especialistas em comportamento da Northwestern University, nos Estados Unidos, realizaram uma pesquisa que mostra que as pessoas mantêm seu padrão de comportamento e predisposições ao preconceito mesmo em mundos virtuais.

O estudo foi realizado dentro dos servidores do mundo virtual There.com, com um avatar criado pelos pesquisadores que escolhiam outros avatares aleatoriamente, sem que estes soubessem estar sendo objetos de pesquisa.Dois métodos de aproximação foram usados: no primeiro, um pedido fácil de ser atendido era feito, seguido por um pedido moderado.

Nesse caso, noticiou o site The Inquirer, o pedido era "posso tirar uma foto sua?", seguido pelo pedido de "você se teleportaria para a praia comigo e permitiria tirar uma foto sua?"Já o segundo método sugeria uma resposta negativa, iniciado por um pedido difícil (tirar fotos em cinqüenta lugares diferentes), uma tarefa que levaria cerca de duas horas, seguido do pedido moderado de teleporte para a praia.

De acordo com o site IT News, como os pesquisadores esperavam, no segundo método o pedido moderado era mais fácil de ser atendido se precedido pelo difícil. Houve um aumento de 20% na aceitação pelos outros avatares quando usado o segundo método, em relação ao primeiro.Mas, quando o avatar possuía pele escura, os resultados mudavam muito. Embora no primeiro método não tenha sido notado racismo, no segundo, quando um avatar com pele escura era utilizado, o aumento foi de apenas 8%, contra o aumento de 20% detectado quando o avatar possuía pele clara. Os pesquisadores explicaram que a segunda técnica reflete a tendência psicológica para responder a um pedido, afetada pela consideração de se o requerente merece ou não ser impressionado pela concessão.

O estudo concluiu que, como na vida real e seguindo modelos de estudos reais semelhantes a estes, o padrão é o mesmo e é levado em conta raça, sexo e beleza física. "O estudo sugere que interações entre estranhos em mundos virtuais são muito similares a interações entre estranhos no mundo real. Você poderia pensar que enquanto está nessa terra de fantasia deve agir diferente, mas as pessoas exibiram o mesmo tipo de comportamento", explicou Paul W. Eastwick, responsável pela pesquisa.

Fonte: Geek - Publicado em 15/09/2008 05:09 - 1601 exibições

MP diz que sentença [que absolve RACISTA VIRTUAL] é equívoco

Brasília – Nas onze páginas do recurso apresentado ao Tribunal de Justiça de Brasília, a promotora Laís Cerqueira Silva, do Núcleo de Combate à Discriminação Racial do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, demonstra os equívocos e a parcialidade da incrível sentença da juíza Geilza Cavalcanti Diniz, da 6ª Vara Criminal de Brasília, que absolveu o estudante Marcelo Valle Silveira Mello, um reu confesso de prática de Racismo Virtual.

Observando partes do Recurso, combinado com as declarações da promotora, percebemos que O MPDFT, "requer que o acusado seja condenado nos exatos termos da denúncia, uma vez que a manutenção da sentença proferida pela 6ª Vara Criminal significaria a aceitação de vários outros atos criminosos praticados por pessoas que usam a internet para agredir os negros, muitas vezes sob a proteção do anonimato. “O presente caso deve ser visto como emblemático”, afirma, no recurso, a Promotora. “É preciso desencorajar a escalada da violência”.

AQUI, APRESENTAMOS TODO O CASO. ESPERO SEU COMENTÁRIO, OK?

1. Veja na Afropress a íntegra do recurso, impetrado pelo Ministério Público, para que este caso patente de Racismo Virtual, não seja desconsiderado e tenhamos uma jurisprudência mais eficiente para os casos de racismo.

2. Íntegra da sentença da juíza Geilza Cavalcanti Diniz, da 6ª Vara Criminal de Brasília, que absolveu o estudante Marcelo Valle Silveira Mello.

3. Postagem relatando a absolvição da Juíza: http://observatoriodoracismovirtual.blogspot.com/2008_08_01_archive.html

PRIMEIRA TURMA DE COTISTAS SE FORMA NA UNB

Pessoas, esta matéria do Jornal O Globo é horrível. Primeiro fala que o acrescímo de pontos, 10% para estudantes de escola pública do interior, são cotas de 10% para escola pública (erro grave). Depois fala que a UNB reserva 10% das vagas para negros (na verdade reserva 20%). Segue dizendo que de 61 cursos analisados os cotistas tiveram menor desempenho, comparado com os não-cotistas, em 9 cursos, contudo a repórter faz questão de ressaltar o peso do "fracasso" neste 9 cursos. Coisas esquisita..... vocês não acham? Em 85% dos cursos analisados os dois grupos tiveram rendimento iguais e equilibrados, mas o que vale mais ser destacado é os 15% restantes. Será alguma técnica jornalística de prender a atenção do telespectador?

Mais erros grosseiros... a reporter entrevista três pessoas e não indica seus nomes ou cargos. Além disso, a matéria em todo o momento dá a entender que melhorar o ensino público resolveria o "problema" da incompetência dos candidatos pobres (nesse momento não falam mais dos negros). O "cientista social"(?) diz que com o tempo as cotas podem perder legitimidade política. Caramba daonde ele tirou isso???

Para finalizar com chave de ouro o âncora termina com um juízo de valor dizendo que "as cotas não podem esconder o maior problema do Brasil que é a qualidade do ensino".

Mais manipulação do que isso fica difícil... Sabemos que esta é uma mídia a serviço dos não negros e que durante todo este tempo fará de tudo para, desviar sua atenção para a relaçã que estrutura a nossa sociedade brasileira: as relações raciais. Invisibilizar, tornar de menor valor, desconsiderar as vitórias políticas da população negra nunca serão notícias.... Racismo Midiático na veia todo dia, pode nos deixar, inertes.



Fonte Globo.com e Blog AldeiaGriot